Ativos
Intangíveis
É difícil mensurar os
Ativos Intangíveis por causa da sua invisibilidade e subjetividade que muitas
vezes não é quantificado. Onde aquilo que não vemos, não tocamos, por serem
imateriais, muitas vezes esses benefícios
não estão visíveis, porém geralmente estão implícitos nos serviços e
produtos gerados pelas atividades empresariais. No entanto, no atual cenário
econômico os ativos intangíveis acentuam-se um importantíssimo papel, por causa
dos mercados globalizados e da acirrada competição entre as empresas que
ocorrem à nível internacional.
Conforme Schimidt (2002, p. 14) “o termo intangível
vem do latim tangere ou tocar. Logo, os bens intangíveis são os que não podem
ser tocados, porque não possuem corpo físico”. Ativos intangíveis segundo
Beuren e Igarashi (2002) são os bens da empresa que são difíceis de se tocar,
de se ver, mas que se percebe: são valores e preceitos morais, são as pessoas,
a qualidade de sua administração, suas marcas, sua capacidade de interagir com
o mercado e com a sociedade, sua estratégia, é uma boa governança corporativa,
a percepção de perenidade que ela transmite, sua habilidade de atrair e reter
os melhores talentos, seu estoque de conhecimentos, sua capacidade de inovação.
Possuem valor e podem agregar vantagens competitivas, independentemente de
estarem contabilizados. Passam a ganhar destaque nas organizações,
principalmente naquelas que agregam um grande valor nos seus produtos e
serviços, apesar da velocidade das informações e das turbulências do mercado.
Categorias de Intangíveis
Na busca para conceituar os ativos intangíveis, muitos autores designaram seus esforços no intuito de caracteriza-los. Apesar da maioria das classificações propostas, Esslin e Dutra (2007) afirmam que elas giram em torno de três tipos de categorias relacionadas: à estrutura interna, aos funcionários e à estrutura externa da organização.
Destaca-se ultimamente na variedade de fatores que
auxiliam na formação da imagem institucional, o desempenho da responsabilidade
socioambiental, onde Schenini (2005, p. 14) destaca:
Uma postura pró-ativa com relação às questões
ambientais, faz parte dos novos paradigmas de qualidade total, da
competitividade e da imagem e responsabilidade social. Dessa forma o desempenho
sustentável, que cada vez atrai mais a atenção de todos, pode influenciar
significativamente a forma pelo qual uma empresa é vista pelos seus clientes,
comunidade e autoridades do governo.
Neste contexto, o presente artigo procura enfatizar
como a responsabilidade socioambiental pode contribuir na formação do capital
intangível da empresa, corroborando na conexão entre o exercício de ações
socioambientais e o desenvolvimento de uma boa imagem para uma empresa.
Capital Intangível da
Natura Cosméticos S.A.
A Natura, com sede em Cajamar (SP), atua há 46 anos no mercado como a maior empresa do Brasil no desenvolvimento, industrialização e comercialização de cosméticos, higiene pessoal e perfumaria e também atuante no segmento da venda direta. Com forte presença na América Latina, com operações em Argentina, Chile, México, Peru, Colômbia e França. Por meio de distribuidores, seus produtos também chegam à Bolívia. A estrutura se completa com oito centros de distribuição no País e seis nas Operações Internacionais que movimentam cerca de 62,3 mil pedidos de consultores Natura por dia. Segundo a companhia, o modelo de negócio dela é buscar a criação de valor sustentável por meio da construção de relações de qualidade com a sociedade. Em 2014, a receita líquida de operações internacionais de R$ 1.1419,2 e a receita líquida da Natura no Brasil chegou a R$ 6 bilhões, fechando o ano com um total de R$ 3.124 de patrimônio líquido. Listada na bolsa de valores BM&BOVESPA, é uma sociedade anônima de capital nacional aberto.
Segue segundo notas explicativas, a relação do grupo dos ativos
intangíveis e as demonstrações financeiras padronizadas de 31/12/2014.
Ativos Intangíveis – Natura Cosméticos S.A. (Reais Mil)
Ativos Intangíveis – Natura Cosméticos S.A. (Reais Mil)
Descrição
|
31/12/2004
|
31/12/2005
|
31/12/2006
|
31/12/2007
|
31/12/2008
|
31/12/2009
|
Intangíveis
|
0
|
3.259
|
3.550
|
6.548
|
9.008
|
11.527
|
Descrição
|
31/12/2010
|
31/12/2011
|
31/12/2012
|
31/12/2013
|
31/12/2014
|
Intangíveis
|
18.586
|
78.929
|
206.036
|
303.866
|
396.672
|
Fonte: Site BM&BOVESPA
De acordo com Hoffman et al. (2012), os ativos
intangíveis que compõem o grupo do intangível da Natura Cosméticos S.A., são:
créditos de carbono, fundo de comércio, marcas e patentes e softwares.
(P&D)
Pesquisa e Desenvolvimento – Inovação
Segundo Schmidt, Santos e Fernandes (2006, apud Hoffman et. al., 2012, p. 53), pesquisa e desenvolvimento, referem-se “aos dispêndios ocorridos em função da criação de novos produtos, projetos, aperfeiçoamento e otimização de produtos antigos, com a finalidade de se obter benefícios futuros”.
A empresa nos últimos onze anos investiu
cerca de R$ 126 milhões por ano, em média, em pesquisa e desenvolvimento de
novos produtos, representando 2,9% em média da receita líquida, o que é
consistente com a média das grandes empresas multinacionais do setor. Isso
porque, a Natura crê na inovação como um processo contínuo, propiciando o encontro
do conhecimento tecnológico e científico com as necessidades do mercado, com o
dinamismo evolutivo do comportamento das pessoas, das novas tendências
cosmetológicas mundiais e da biodiversidade do Brasil.
Número total de pedidos de depósitos de pedido
de patente de invenção, no período de 2004 a 2014
O Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI, 2015), uma autarquia federal, com vinculo no Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), responsável pelo
registro de desenhos industriais, pela concessão de patentes, dentre outros
serviços, afirma que a lei de propriedade industrial de nº. 9.279/96, define os
requisitos de patenteabilidade, invenções patenteáveis e não patenteáveis,
conceitua a invenção e regula direitos e obrigações relativos à propriedade
industrial (patente de modelo de utilidade, marcas, patentes de invenção,
desenho industrial e indicação geográfica). Destaca ainda, que a natureza de
proteção da patente de invenção (PI) tem vigência de 20 anos, enquanto que a
patente de modelo de utilidade (MU) tem vigência de 15 anos.
Há uma percepção clara
nas pesquisas dos pedidos no INPI, conforme relata o diretor executivo do Inova
Unicamp, o advogado Daniel Adensohn de Souza, especialista em propriedade intelectual,
nas notícias on line, Amcham (2015), que o fato de se fazer o depósito dos
pedidos de patentes, isso não lhe dá o direito automaticamente, ou seja, isso
só acontece ao final do exame, podendo demorar em torno de 10 a 12 anos para o
objetivo da concessão. Mas ainda enfatiza Souza, que há alternativas para
tentar acelerar a concessão de patentes, onde algumas empresas começam o
processo em países onde a concessão é mais rápida. Logo que os exames
internacionais de validação ficam prontos, são levados ao INPI os resultados,
com possíveis chances de aprovação, e isso acaba por gerar um reforço para a
probabilidade do invento ser patenteado no Brasil, conforme previsto em lei. Porém,
segundo revista PEGN (2013), tornando-se uma patente válida em todo território
nacional, o depositante pode também assegurar proteção e/ou reivindicar
prioridade sobre seu invento, modelo de utilidade ou desenho industrial por
meio da prioridade unionista, através da Convenção da Unidade de Paris (CUP),
responsável por regulamentar a propriedade industrial em termos internacionais,
dentro de um prazo determinado, durante o qual o seu pedido não poderá ser
invalidado por atos de outras pessoas. Onde a prioridade deve ser reivindicada
no ato do depósito no prazo de 12 meses para Privilégio de Invenção (PI) e
Modelo de Utilidade (MU) e 6 meses para Desenho Industrial. Portanto, a isso
equivale supor que se trata de uma salvaguarda, por um prazo determinado
fornecida ao inventor que depositou seu pedido em um dos países membros da
União e que a sua inovação não será usurpada por qualquer pedido idêntico ou
por sua publicação, exploração, uso ou concessão da patente.
Salientar que poucas vezes a
Natura aparece como depositante, mas se cruzarmos as informações onde ela
figura com outras Instituições como a Unicamp (de acordo com o pedido de
patente nº PI 0802052-3 data depósito 19/03/2008), é possível afirmar que
certamente existem outros depósitos de uso da Natura, mas que não estão em seu
nome.
Para
cada ano entre 2004 a 2014 o número de pedidos de patente, bem como o número de
concessões dos elementos biológicos da Natura Cosméticos S.A. onde é possível
notar que há mais solicitações de pedidos de depósitos do que as devidas
concessões, como também se percebe que nos anos de 2006, 2007, 2012 e 2014 não
houveram nenhum pedido de depósito de patente.
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